Adriana Sarai, de 32 anos, fazia escolta de deputados e ministros venezuelanos, mas precisou deixar o país por conta da uma crise econômica em 2017. Atualmente, ela sustenta uma filha pequena trabalhando como costureira em São Vicente (SP). Nascida na Venezuela, Adriana Sarai, de 32 anos, construiu uma vida nova no litoral de SP
Prefeitura de São Vicente/Divulgação e Arquivo pessoal
Uma imigrante venezuelana, que já serviu ao Exército e trabalhou escoltando figuras públicas no país de origem, recomeçou a vida como costureira em São Vicente, no litoral de São Paulo. Adriana Sarai, de 32 anos, disse ter deixado a terra natal por conta de uma crise econômica e, no Brasil, enfrentado o desafio de aprender o idioma.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp.
“O que eu aprendi nessa jornada foi disciplina, muito mais disciplina. Pensar, ter calma, paciência. Pensar o que que você quer para sua vida e as coisas que tem que fazer para alcançar aquilo”, afirmou ela.
Ao g1, Adriana revelou ter servido ao Exército venezuelano durante a juventude e, depois, estudado para se tornar escolta civil. Ela disse que amava a profissão e trabalhou na área até 2017, mas precisou de uma mudança de ares devido à crise econômica do país.
O destino escolhido foi o Brasil. A venezuelana se mudou em 2018, meses após a chegada do então companheiro dela. Adriana engravidou dois anos depois, mas se separou do homem e, hoje, sustenta a filha por meio da costura.
"Lá eu trabalhava como escolta de diferentes personalidades, deputados, ministros. E, quando cheguei aqui, cheguei sem nada [...] Cheguei aqui começando do zero, agora tenho uma profissão, que é costureira e modelista", afirmou.
Costurando uma nova vida
Peças íntimas infantis costuradas por Adriana (à esq.) e o espaço onde ela trabalha (à dir.)
Arquivo pessoal
Sabendo que precisava encontrar uma nova profissão, Adriana primeiro arranjou um emprego como operadora de caixa em um supermercado vicentino. Em 2021, ela conheceu o Fundo Social de Solidariedade de São Vicente e fez cursos profissionalizantes gratuitos na área da costura.
O primeiro curso concluído por ela foi de Corte e Costura iniciante. Em seguida, Adriana começou a trabalhar em uma fábrica de cintas modeladoras e, há um ano, concilia o emprego com o ateliê que montou dentro de casa. Atualmente, ela também está com um projeto voltado a roupas infantis.
Adriana disse que a necessidade de sustentar a filha no Brasil foi uma das motivações para trabalhar como costureira.
"Comecei aos poucos, comprando máquina e também coisas que as pessoas, vendo que eu tinha motivação, disciplina, constância, foram me ajudando. Manequim, mesas para corte, coisas assim", explicou ela.
Ainda longe, mas um pouco mais perto
Atualmente, Adriana vive com a filha e o próprio pai. Para ela, além de trabalhar para enviar dinheiro aos parentes que continuaram no país de origem, aprender o novo idioma foi uma das missões mais desafiadoras. Ela entendeu a língua em seis meses, mas levou um ano para falar.
Vencendo cada dia após o outro, Adriana encontrou na disciplina a chave para prosperar, mas reconhece que ainda há um longo caminho pela frente na busca pelos próprios objetivos.
"Ainda estou longe do que eu quero, mas não estou no mesmo lugar que eu comecei. Agradeço a Deus por isso e às pessoas que me ajudaram até hoje. O Fundo Social, cada professora que me ensinou, cada colega que me ajudou e cada amizade que eu encontrei aqui no Brasil", finalizou ela.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos